quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Tempestade em copo d'água

Poucos dias atrás, numa conferência com cerca de duzentas e cinquenta pessoas, fiquei assustado e preocupado com algo que parece tão simples e inofensivo: água!



Antes de explicar melhor, permita-me enfatizar que escrevo com um sorriso nos lábios (não é necessário levar ao pé da letra tudo que você encontrará nesta página). Ao mesmo tempo, não é tudo uma brincadeira (existe realmente um motivo para preocupação).

A conferência foi, na minha opinião, excelente. Ver tantas pessoas reunidas para ouvir a palavra de Deus numa tarde quente foi animador. As mensagens engrandeceram o Senhor Jesus Cristo, o que alegra qualquer cristão que ama ao Senhor. Mas a reunião teve um aspecto menos nobre: um constante vai-vem de pessoas atrás de água! Eu sei que algumas daquelas pessoas precisam beber com intervalos curtos (por motivos de saúde, por estarem com crianças de colo, etc.), mas é difícil acreditar que todo mundo ali estava numa situação destas. Será que, em casa e no serviço, bebem água com a mesma frequência? Será que não percebem que toda vez que levantam distraem a si mesmos e mais uma dúzia de pessoas?

Vou direto ao ponto: a geração de hoje não suporta nenhum desconforto. Ficar sentado por cinquenta minutos (ou menos!) para ouvir uma mensagem torna-se um fardo impossível de ser suportado. Ao menor sinal de sede, a primeira reação não é: “Vou aguentar um pouco, pois estou aqui para ouvir a Palavra de Deus; não quero ser distraído, e não quero distrair ninguém”, mas sim: “Estou com sede, e isto é o que importa agora. Se eu perder um pouco da mensagem, ou se tirar a concentração do pregador ou daqueles ao meu redor, paciência; eu estou com sede! Se não beber agora, vou ficar traumatizado por causa desta sensação horrível de secura na língua!”

Eu sei que, no calor deste nosso Brasil, a sede pode incomodar. Reconheço também que muitos pregadores, bebendo água toda hora, só fazem aumentar nossa sede (o efeito psicológico é notório). Mas se todos nós nos esforçássemos para suportar um pouco de sede (“sede”, não; “uma leve vontade de beber água”) por um pouco de tempo, nosso aproveitamento nas reuniões do povo de Deus seria muito melhor, e todos seríamos beneficiados.

Sei que alguns vão achar que estou fazendo tempestade por um copo d'água; creio, porém, que são os copos d'água que criam ondas de desatenção nas reuniões. Algo pequeno, reconheço; mas justamente por ser tão insignificante, é tão simples de ser corrigido!


© W. J. Watterson

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