sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O poema da aliança Davídica

”Querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do Seu conselho aos herdeiros da promessa, Se interpôs com juramento” (Hb 6:17).

Em cinco ocasiões na história da humanidade, Deus “Se interpôs com juramento”, firmando uma aliança com os homens: com Noé (Gn 9), com Abraão (Gn 15, etc.), com Moisés (Êx 19, etc.), com Davi (II Sm 23, etc.), e a nova aliança feita por intermédio de Cristo (Jr 31, etc.).

Na aliança feita com Davi, em que promete um Príncipe para reinar em justiça, Deus inspirou Davi para escrever um poema apresentando a aliança. Abaixo, procuro demonstrar como deve ter sido a divisão em versos e estrofes do poema encontrado em II Samuel cap. 23.

1ª estrofe: o escritor do poema

Diz Davi, filho de Jessé,
    E diz o homem que foi levantado em altura,
O ungido do Deus de Jacó,
    E o suave em salmos de Israel.

2ª estrofe: o verdadeiro Autor do poema

O Espírito do Senhor falou por mim,
    E a Sua palavra está na minha boca.
Disse o Deus de Israel,
    A Rocha de Israel a mim me falou:

3ª estrofe: o Justo Rei

Haverá um justo que domine sobre os homens,
Que domine no temor de Deus.

4ª estrofe: o brilho do Seu reino

E será como a luz da manhã,
    Quando sai o Sol,
Da manhã sem nuvens,
    Quando pelo seu resplendor e pela chuva a erva brota da terra.

5ª estrofe: a certeza desta aliança

Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus,
    Contudo estabeleceu comigo uma aliança eterna,
        Que em tudo será bem ordenada e guardada,
    Pois toda a minha salvação e todo o meu prazer está nEle,
Apesar de que ainda não o faz brotar.

6ª estrofe: o destino dos inimigos do Rei

Porém os filhos de Belial todos serão como os espinhos que se lançam fora,
    Porque não podem ser tocados com a mão.
    Mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança;
E a fogo serão totalmente queimados no mesmo lugar.”

Algumas explicações

Repare que as primeiro quatro estrofes são compostas de afirmações paralelas, em que cada verso é seguido por outro que expande a ideia apresentada no primeiro. É possível considerar cada um desses pares como um verso (assim as estrofes 1, 2 e 4 teriam apenas dois versos, e a estrofe 3 apenas um verso).

As últimas duas estrofes do poema estão na forma de quiasma. Na quinta estrofe, o primeiro e o último verso repetem a idéia de “ainda”, o segundo e o quarto verso falam do relacionamento entre Deus e Davi (Deus deu a Davi uma aliança eterna; Davi coloca em Deus toda a sua confiança e alegria), e o centro do quiasma é afirmação preciosa de que a aliança será ordenada e guardada. Na sexta estrofe, o primeiro e o último verso falam do destino dos filhos de Belial, enquanto que o segundo e o terceiro versos falam de tocar nestes filhos de Belial.

Graças sejam dadas a Deus pela promessa de que “haverá um Justo que domine sobre os homens, que domine no temor de Deus”, e que esta promessa será bem ordenada e guardada. Aguardamos o dia quando “aparecerá no Céu o sinal do Filho do Homem … vindo sobre as nuvens do Céu, com poder e grande glória” (Mt 24:30) para estabelecer Seu reino milenar.

© W. J. Watterson

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